Do blog da Ana Claudia
Tomando como base o educador humanista Paulo Freire, no livro Pedagogia do Oprimido, penso com ele, “Nenhuma ‘ordem’ opressora suportaria que os oprimidos todos passassem a dizer: por quê?”
A pergunta bem elaborada e direcionada revela o uso qualitativo do pensamento. Vai além da repetição dos bordões tão vinculados aos interesses imediatistas de um mundo que esfacela a própria identidade. Sem pensar, sem educar o pensamento, somos todos meros objetos levados pelas ondas midiáticas.
Em Alagoas, pensar é um risco! Elaborar perguntas é uma ousadia! Questionar os malefícios legitimados pela repetição, uma loucura! Desafiar o poder armado, um suicídio! Contudo, hoje é dia de perguntar.
Quem armou o poder? Para quê o poder foi armado?
Obviamente, teríamos tantas outras perguntas, todas muito importantes! No entanto, essa precisa ser feita assim: por que analfabetizar nosso povo deliberadamente? Será para ele não elaborar perguntas?
Imaginemos o alagoano perguntador, no ouvido dos seus representantes: por que você não investe mais em segurança pública? Por que você priorizou gastar dinheiro público com diárias e viagens? Por que você nomeia para cargos públicos relevantes indivíduos comprometidos com o crime?
Imaginemos o povo, patrão desinformado dos juízes, a perguntar nas portas dos tribunais: por que você não me conhece, se trabalha para mim, que sou sociedade? Por que você me trata com indiferença e não lê as entrelinhas da minha dor? Por que você sentencia tantas vezes em benefício dos fortes e me relega à humilhação? Pergunto eu: o que o judiciário iria responder?
Ah se esse povo ressurgido dos escombros pudesse perguntar aos gestores públicos alagoanos os porquês do abandono histórico que carrega, cruz analfabeta, malsinada a cada eleição: por que não tem hospital suficiente para curar minha dor, me salvar da morte? Por que meu filho está excluído, e a educação que ele recebe mais parece uma esmola de vogais e números? Por que não tenho moradia e meu dinheiro paga tua estadia em hotéis de luxo, noutros continentes? Por que a polícia que invade minha rua, baleando minhas crianças, não me leva segurança?
Para muitos de nós, uma interrogação no meio da testa! Qual o objetivo de tantas perguntas, se a realidade é esta?
A última pergunta em forma de resposta: quem é responsável por esta realidade?
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