segunda-feira, 23 de maio de 2011

Comunicado da Frente Nacional de Libertação dos Blogs Sujos

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sexta-feira, 20 de maio de 2011

O que explica a violência contra o Beto Batata?

Do blog pautaparana.wordpress.com

No dia 14 de maio o Restaurante e Espaço Cultural Beto Batata (Alto da Rua XV, Curitiba) foi invadido pela polícia, acompanhada por 14 viaturas, que encerrou as atividades do estabelecimento, expulsando de lá os clientes que nem puderam terminar suas refeições. Clientes com crianças de colo foram obrigados a abandonar o recinto, mesmo sob forte chuva.

O dispositivo policial armado foi mobilizado sob a justificativa de que o local não possuía alvará para a apresentação de música ao vivo. Contudo, o espaço já se tornou referência nacional, sendo local de trabalho para artistas de Curitiba. O restaurante chega a contratar quase 50 artistas por mês.

Independentemente do aspecto legal a respeito da apresentação de música ao vivo no estabelecimento, a ação policial parece
completamente despropositada, senão um caso flagrante de abuso autoritário de poder.

Afinal, quantas medidas não poderiam ser tomadas ao invés de se expulsar os frequentadores? Se a ação era justificatida pela música não autorizada, não seria o caso simplesmente de ordenar o encerramento da apresentação?

O que pretende, afinal, a prefeitura de Curitiba e as forças militares do Estado com esse tipo de ação? Desestimular a diversificação da cena cultural curitibana?
Por que não se reconhece o direito de realizar apresentações musicais em um lugar que já se tornou tradicional para a cultura local? Creio que não se deve fazer silêncio diante do que parece ser uma ação deliberada para intimidar apreciadores da arte. Tomar casos de excesso de violência pública como normais abre o caminho para que abusos ainda mais notórios ocorram.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

domingo, 15 de maio de 2011

A ESTUPIDEZ DA GUERRA

Menina palestina de 6 anos: - 'Por que mataram meu pai e me deixaram sem ele? E a meus irmãos e a minha mãe, que cuidava de mim? ...Mas não vão nos tirar daqui. Ficaremos nesta terra. Nossa terra'

A Juventude luta pelos seus direitos

(…)Alguém aparece com churrasco. Agora está cheio de jovens bem-humorados. Maduros, idosos e até crianças diferenciados. Somos muitos. A avenida Higienópolis está tomada. Não passam mais carros. Das imensas sacadas dos prédios, moradores do bairro, imóveis e aparentemente em silêncio, observam a tudo.

Passo a me esgueirar entre a multidão. Encontro gente que conheço e que não conheço e me conhece e eis que, de repente, vejo, diante de mim, dois colunistas da Folha de São Paulo.

São Fernando de Barros e Silva e Sergio Malbergier, aquele que andou escrevendo sobre o direito dos ricos de não quererem metrô na porta deles. Abro-lhes um sorriso como se fossem velhos amigos e, para minha surpresa, percebo que me reconhecem, apesar de jamais termos nos visto pessoalmente.

– Eu conheeeço você – digo a Barros e Silva, em tom jocoso –, e você também – estendo o cumprimento a Malbergier.

Digo que li o texto de Malbergier e que estava “um primor”. Ele sorri, simpático, como se não ligasse para a ironia. Barros e Silva, porém, fecha a cara, aproxima-se e diz:

– Olha, eu respeito você, Eduardo, mas as suas posições são primárias…

Respondo:

– Eu acredito que você pensa assim, mas não são as minhas posições que são primárias, são as suas que são muito avançadas, próprias para Londres, Paris, Amsterdam…

Barros e Silva franze ainda mais o cenho, percebo os dentes trincando, dá-me as costas, empina o queixo e diz, sem se voltar: “Está vendo como você é primário?”. E sai andando.

Comento com Malbergier: “Ele está zangado, né?”. E ele, sorridente: “Está zangado”.

Bato no braço dele, despedindo-me, e dizendo que acho positivo que tenham ido até lá. E caio no meio da galera.

Dali, a manifestação começa a se mover com batucadas e jovens à frente. Avançam em direção à avenida Angélica. Dobram à direita e começam a subi-la. Ocupam as duas pistas. Olho para a avenida e, diante de nós, está vazia de veículos até onde a vista enxerga. Nos prédios em volta as pessoas se debruçam nas janelas e sacadas. Policiais e agentes da CET parecem nervosos…

Peço ao comandante da operação que me diga o número estimado de manifestantes. Ele tasca 600. Digo que ele só pode estar brincando. Havia mais de mil pessoas fácil, ali. Saio meio zangado, batendo o pé, e nem agradeço. Depois reflito que o oficial não teve culpa. Estava cumprindo ordens.(…)

Enfim, foi mágico para este coração cinqüentão de um homem que cresceu em um país em que fazer um ato daquele significava ser espancado e até preso e torturado, quando não assassinado. E o mais lindo foi ver os jovens exigindo direitos, pregando igualdade com calma, bom humor, pacificamente.

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sábado, 14 de maio de 2011

TIM quer parceria com Telebrás e Correios

Saiu na Folha

Italianos oferecem preço inferior ao estipulado por governo em banda larga e sugerem telefonia móvel com estatal

“Tudo o que a Oi ofertar nós fazemos pela metade”, diz presidente; investimento chegaria a US$ 8,5 bi até 2013

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA

O presidente mundial da Telecom Italia (dona da TIM), Franco Bernabè, apresentou ao governo federal duas propostas bilionárias: uma parceria com a Telebrás no plano de banda larga e outra com os Correios em uma empresa de telefonia móvel com a bandeira da estatal. Ambas com a infraestrutura da TIM.

A oferta da empresa italiana para banda larga prevê um preço ao consumidor inferior aos R$ 35 estipulados pelo governo para o seu projeto de inclusão digital, o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga).

“Tudo o que a Oi ofertar nós fazemos pela metade”, disse Bernabè à Folha, provocando a concorrente, que no ano passado apresentou proposta para comandar o projeto por R$ 27 bilhões.

A diferença é que a Oi se coloca como gestora, enquanto a TIM oferece parceria com a Telebrás.

Segundo o presidente da TIM, o também italiano Luca Luciani, o custo da telefonia móvel é muito menor que o da fixa: “A gente oferece por R$ 0,50 diário acesso a smartphone, o que dá R$ 15 mensais. Temos 8 milhões de usuários. Dá para fazer isso em escala global? Dá.”

Já a parceria com os Correios seria com base na decisão do governo de que a estatal deverá oferecer um celular próprio pelo sistema MVNO, que significa um operador virtual. A TIM entraria com a infraestrutura.

Em entrevista na embaixada da Itália, Bernabè disse que a sua empresa fez uma guinada estratégica em seus investimentos internacionais nos últimos anos. Depois de se desfazer de ativos na América Latina e Europa, concentrou-se no eixo Itália/Brasil/Argentina.

A empresa saiu de Chile, Venezuela, Bolívia, Peru e Cuba. Na Europa, da Alemanha, Espanha e Turquia. Hoje, o mercado brasileiro corresponde a 22% do faturamento global da Telecom Italia, de € 27 bilhões.

Segundo Bernabè, o Brasil deverá continuar recebendo investimentos estimados em R$ 8,5 bilhões até 2013.

“Há uma “brasilianização” forte da nossa empresa. Temos um plano ambicioso e um compromisso de longo prazo com o Brasil”, declarou, acrescentando que cerca de 40% dos novos investimentos da TIM estão indo para Norte e também Nordeste, onde já é líder.

Diz também que um diferencial brasileiro em relação a outros emergentes, como Índia e China, são as afinidades culturais e históricas entre Brasil e Itália. Citou até a forte comunidade italiana.

O executivo só foi reticente em relação à qualidade da mão de obra. “Pode ser realmente um problema, mas o Brasil tem uma população muito jovem, e a presidente Dilma Rousseff está cuidando disso.”

Os inimigos da Petrobras são os inimigos do Brasil

Chupado do Tijolaço

“Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma.”


Getúlio Vargas, na Carta-Testamento, 24 de agosto de 1954


Escrevi o post sobre o resultado recorde da Petrobras antes de ler os jornais de hoje. E fiquei impressionado com a quantidade de ódio e de despeito que a elite brasileira destila, através de sua mídia, contra a maior e mais importante empresa brasileira. No momento em que ela atinge os maiores lucros da história, em que acumula sucesso após sucesso e, até, mostra na prática sua utilidade para a regulação da cadeia – privada – da comercialização de combustíveis (a ANP e nada, nesta crise, foram o mesmo), só o que se vê é manipulação e inveja por parte dos jornais.

Vou colecionar alguns títulos de matérias publicadas hoje no Estadão: Investimentos da Petrobrás caem 11% no 1º tri e somam R$ 15,87 bi; Custo de extração sobe 10,6%, para US$ 11,38 por barril; Balança comercial da Petrobrás sai do positivo para o negativo no 1º tri; Petrobrás adia anúncio do plano de investimentos .

O Globo segue a mesma linha, com menos vigor e a Folha só range os dentes. Prefere aunciar novo caos no abastecimento de etanol para dezembro .

Não é de hoje, como mostra a citação de Vargas, que a Petrobras é o alvo político das forças que só entendem o Brasil como colônia. Não perdoam o fato de que Fernando Henrique não tenha conseguido abrir mais completamente o setor de petróleo para as multinacionais. Não porque não o quisesse, é claro, mas porque a surda resistência da consciência brasileira e a própria força econômica e capacidade técnica da empresa – que enfrentou nos leilões, como pôde, a entrada das multis – impediu que ela tivesse o destino da Vale, que sangrou na terra as riquezas do país sob os aplausos de mídia colonialista.

Eles são e serão assim, atacando cada vez com mais vigor – e servindo-se de qualquer expediente para isso – o grande patrimônio nacional que ela, e as jazidas de petróleo contidas em nosso solo e nosso mar , representa.

Não será possível repelir estes ataques se não houver vigor. A empresa e o governo devem sair de uma postura tímida e mostrar como e porque nossa política para o petróleo é vital para nosso sonho – e direito – à soberania nacional.

Porque agora, como há 60 anos com Vargas, os inimigos da Petrobras são os inimigos de um Brasil independente, rico, autônomo.

A própria Presidente Dilma, logo, terá de ser a líder deste enfrentamento, como foi indispensável que Lula, antes, tomasse a frente do movimento de afirmação da Petrobras.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ditadura assassinou Neruda

A Agência Ansa, italiana, divulgou em sua página em português um notícia estarrecedora: o último assistente pessoal do poeta Pablo Neruda, Manuel Araya,afirmou que ele foi assassinado por agentes da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Araya contou à revista mexicana Proceso que, nos doze dias transcorridos entre o golpe militar, perpetrado em 11 de setembro de 1973, e a morte de Neruda, em 23 do mesmo mês, houve várias invasões de militares à casa do poeta, em Isla Negra.

Neruda, que sofria de câncer de próstata, foi internado na Clínica Santa Maria, em Santiago, pelo embaixador do México, que pretendia tira-lo da capital chilena. Segundo Araya, um dia antes da viagem foi administrada ao poeta uma injeção que provocou sua morte.

Esta clínica é a mesma em que se suspeita que o ex-presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970) tenha sido envenenado, em 1982, a mando do Governo Pinochet.

sábado, 7 de maio de 2011

Sobre a minha “morte”

Por: Paulo Fonteles Filho

Ontem, 5 de maio, circulou pelas redes sociais que teriam me assassinado em um bar, junto à minha mulher, em Belém.

A coisa foi tão contundente que jornalistas, amigos, foram até a casa de minha mãe, no bairro do Telégrafo, confirmar se eu havia mesmo sido morto. Houve ligações para o Ciop e até o Secretário de Segurança Pública do Pará, Luís Fernandes, fora acordado de madrugada para confirmar o ocorrido.

E a notícia parece que continua circulando. O Vítor Haôr, jornalista marabaense acaba de me ligar neste momento, às 13:42, perguntando se a macabra notícia era verdadeira. Falei com ele e disse que estava bem, e vivíssimo da silva.

Na alta madrugada, quando dormia candidamente ao lado de minha mulher, irmãos e primos quase derrubaram a porta de meu apartamento e ao me avistarem, sonolento, disseram que eu tinha morrido.

Quase morri mesmo, de susto.

O ocorrido poderia render boas gargalhadas, no futuro, se tal acontecimento não fosse de tanto mau-gosto e se a repercussão não tivesse chegado a tão longe: amigos em Macapá e até na distante Porto Alegre já estavam velando-nos.

Acontece que toda essa “papagaiada” tem endereço certo: continuar intimidando-nos.

Não apenas a mim, mas, sobretudo, o trabalho desenvolvido para desnudar os acontecimentos violentos praticados pelas forças de repressão da ditadura militar no combate ao movimento guerrilheiro do Araguaia.

Ontem, no dia de minha “morte”, passei toda a manhã e parte da tarde testemunhando num processo interno da Abin-Pa.

Tal processo versa, dentre outras coisas, sobre possíveis ocultações de cadáveres de desaparecidos políticos e destruição de documentos da ditadura por servidores da Abin-Pa. Tais servidores, Magno José Borges e Armando Souza Dias, são ex-militares, foram do Doi-Codi e atuaram na repressão à Guerrilha do Araguaia. Nos autos do processo quatro servidores da agência confirmam que ambos foram do famigerado Doi-Codi.

Um ex-mateiro daqueles sertões disse-me, à quinze dias atrás, que um tal de Capitão Magno, esse o nome verdadeiro, era quem cortava cabeças e mãos e estas eram enviadas à Belém, nos idos dos anos 70. Cabe dizer que Magno José Borges atualmente é vice-superintendente da Abin-Pa.

Essas denúncias não são novas.

Em 2001, como Vereador de Belém, fui a tribuna da Câmara Municipal tratar do assunto.

Em 2008, o “Diário do Pará”, através do jornalista Ismael Machado fez longa reportagem sobre o caso. Neste mesmo ano, representei ao Ministério Público Federal sobre a questão da Abin-Pa. Está tudo postado em meu blog sobre a chamada “A luta entre o velho e o novo na Abin”, em fevereiro deste ano de 2011.

Lá no Sul do Pará, em São Domingos do Araguaia, meus companheiros também foram acordados com a minha “morte”. Fico sabendo, através de contato telefônico, que no último sábado, 30 de Abril, houve uma reunião de ex-soldados que estão abrindo o que sabem sobre a guerrilha com o representante da direção nacional do PC do B, como eu, no Grupo de Trabalho Tocantins, Sezostrys Alves da Costa em Marabá. E que no dia da reunião, uma caminhonete de vidro fumê, novamente, andou rondando a casa deste companheiro em atitude suspeita.

Sezostrys diz, ainda, que mais pessoas estariam recebendo telefonemas anônimos.

O fato é que mais de dez pessoas estão sob ameaças das viúvas da ditadura militar.

Acontece que desde junho do ano passado temos denunciado a questão.

Tais ameaças já foram informadas ao Ministério da Defesa, ao Ministério da Justiça, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, através da Comissão de Mortos e Desaparecidos e à Policia Federal. Isso sem falar que a própria OAB nacional, onde fizemos reunião semana passada, também informada sobre tais acontecimentos.

A imprensa paraense e nacional já tratou de repercutir o assunto e o PCdoB já fez até nota pedindo providências.

O problema é que até agora nada aconteceu para apurar as coisas, nada, absolutamente nada.

O que causa espécie é que estamos participando de uma investigação federal, no estado democrático de direito, “por dentro” das instituições republicanas e as mesmas instituições, que dizem defender radicalmente à abertura dos arquivos e o achamento dos despojos de desaparecidos políticos, nada fazem para proteger-nos e, por fim, desbaratar os últimos bastiões da repressão política do país.

Se alguma coisa nos acontecer à responsabilidade deve ser, também, imputada à manifesta letargia com que o aparato estatal brasileiro têm tratado as denúncias, que há muito temos feito, sobre as ameaças aos trabalhos de descortinar nossos anos-de-chumbo.

NUVEM NEGRA

Um jovem que conquistou alguma popularidade entre internautas brasileiros por publicar vídeos com discursos inflamados e perfeitos para gerar polêmica é o líder à frente de um movimento contra os excessivos impostos cobrados em produtos eletrônicos como videogames e iPads, além de jogos, músicas e filmes em mídia digital. Felipe Neto pode ser desbocado, mas não é difícil simpatizar com sua campanha para que tenhamos “produtos de informação” mais baratos. Quem não se revolta ao comparar os preços cobrados por um Playstation 3 nos EUA com os daqui do Brasil? O Brasil247, primeiro jornal brasileiro feito para iPad, participa da iniciativa. A campanha já conquistou mais de 140 mil assinaturas em um abaix0-assinado virtual, que pode ser encontrado junto com o manifesto no site www.precojustoja.com.br A hashtag #precojusto está nos TTs do Twitter desde ontem, quando o vídeo abaixo foi publicado. Se não se importar de ouvir alguns palavrões, confira:

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pauta Paraná | Debatendo a atualidade

Pauta Paraná | Debatendo a atualidade

A Menina Inezita Barroso

(...) Enquanto primos e primas brincavam com boizinhos e cavalos de verdade, Zitinha, com seus sete anos de idade, corria feito uma doida para ouvir os peões cantarem um monte de modas ao som de violas. Às vezes, ela chorava de emoção. E em vão ela pedia, rogava mesmo, que lhe ensinassem a tocar qualquer coisa, qualquer música, mas eles diziam de maneira imperativa que não podiam fazer isso. O motivo? Tocar viola, eles diziam, não era brincadeira; tampouco de menina. E nem de mulher. Mesmo assim, Zitinha não arredava pé e ficava ouvindo durante horas e horas as cantigas que eles cantavam e tocavam. Ouvi-los tocar, podia...

Trecho do livro infanto-juvenil "A Menina Inezita Barroso", que trata da vida e trajetória da paulistana Inezita Barroso, cantora, folclorista e apresentadora do programa ‘Viola Minha Viola’, há 30 anos no ar pela TV Cultura de São Paulo.

A DESPEDIDA DO TREMA

recebida no e 1/2

Simplesmente fantástico !!! Não sei quem escreveu, mas quem assina é o TREMA ...
É uma tremenda aula de criatividade e bom humor, por sinal, com acentuada inteligência. A consequência não poderia ser outra: uma agradável leitura...




Despedida do TREMA

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.

Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos!

Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela.

Os dois pontos disseram que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra.

E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências,mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?...

A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá.

Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição,

mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...

Nós nos veremos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.

Adeus,
Trema.