quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Votação reflete degradação da política

(Editorial)
O Globo

"Não enrubesce a maioria da Câmara, como se viu, concordar com o caviloso argumento de que a cena explícita de corrupção patrocinada por Jaqueline não pode ser considerada como prova, por ela ter ocorrido antes da posse na Câmara (!?).

Nesse caso, qualquer crime cometido até o início de mandato deve ser relevado em processos de quebra de decoro. Trata-se de exemplar primoroso de teorias destiladas num ambiente político sem ética, para jogar no lixo o conceito da Ficha Limpa.

Como em vezes anteriores, os defensores de Jaqueline buscaram apoio com a ameaça de que todo parlamentar com prontuário construído antes da posse poderá um dia ser cassado. A Câmara tenta criar jurisprudência de anistia de crimes, uma excrescência.

A manutenção do mandato de Jaqueline é fruto da degradação da vida pública, aprofundada pelo exercício crescente do toma lá dá cá por parte do lulopetismo.

Como, a partir de 2003, passou a ser executado um projeto de manutenção do poder a qualquer preço, a qualidade da representação política foi ainda mais rebaixada.

Pelo fato de os balcões de negociatas passarem a conduzir parte da vida parlamentar e ditarem a montagem de equipes de governo, a tônica do Congresso passou a ser a do baixo clero.

Um Severino Cavalcanti presidir a Câmara, renunciar para não ser cassado por receber propina e, depois, ser elogiado nos palanques pelo presidente Lula simboliza bem os tempos sombrios que se vive na política brasileira.

A derrota do pedido de cassação de Jaqueline Roriz está coerente com o nível da atual vida pública no país."

Leia a íntegra em Votação reflete degradação da política

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