segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Para cartel do etanol, seu preço é caro porque o da gasolina é baixo

Do Hora do Povo

O preço do etanol está nas alturas, provocado pela monopolização e a desnacionalização do setor, mas para o cartel a culpa é da gasolina que insiste em ficar com o preço baixo. A Petrobrás não altera o preço da gasolina nas refinarias desde 2009.

“Se não houver alta da gasolina, mudanças na Cide (tributo que incide sobre os combustíveis) e redução importante dos custos, a produção de hidratado não vai crescer, o consumo dos carros flex vai crescer cada vez menos e vai desestimular a produção dos automóveis flex”, afirmou o presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), Marcos Jank, admitindo que o consumidor foge do preço elevado do etanol e busca a gasolina. O cartel quer dar a impressão de que elevando o preço da gasolina o preço do etanol vai baixar. Mas puro engano, preços baixos são a encarnação do demônio, na visão do cartel. O lobby do setor quer elevar o preço da gasolina, para que os consumidores recorram ao etanol, manter o preço alto e ainda abiscoitar um pouco mais de subsídio do governo

Para isso, apelam até para um suposto fim do carro flex para assustar o governo e os consumidores. A Unica, que congrega as empresas produtoras de etanol, principalmente multinacionais, tem usado a queda no consumo como pretexto para justificar a falta de investimentos na produção, que se encontra estagnada desde 2008.

Segundo o governo, as vendas de etanol hidratado pelas distribuidoras caíram 22% no primeiro semestre do ano, na comparação com o mesmo período de 2010. Ao mesmo tempo, as vendas de gasolina subiram 15% no mesmo intervalo.

A intensa monopolização e desnacionalização do setor – acentuada exatamente a partir de 2008 – provocou a alta concentração do parque produtivo a tal ponto que hoje apenas cinco empresas, entre elas quatro estrangeiras, produzem 50% do etanol no país, podendo controlar a oferta do produto e, com isso, determinar os preços de acordo com seus interesses.

O resultado é que em apenas quatro Estados (São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Tocantins) era mais vantajoso para o consumidor abastecer um carro flex com etanol na semana passada, forçando a migração dos motoristas para a gasolina. A própria Unica reconhece que atualmente as usinas abastecem com álcool apenas 45% da frota flex que roda no país.

O etanol hidratado é usado nos carros flex enquanto o anidro é utilizado na mistura com a gasolina.

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